sábado, 22 de janeiro de 2011

O Homem com o carrinho de mão


O que eu vou dizer a você quando chegar, e ver que o tempo não é o mesmo e as palavras se construíram na dureza dos dias...Os meus sonhos que brilhavam se acinzentaram lentamente e nossos olhos eram acometidos de distanciamento silenciosos como manhãs chuvosas sem vontade de ver o dia...
O meu medo constante é ter a certeza que eu não vou chegar, e ver dia a dia que meu carrinho de mercado é minha morada é meu mundo...
Quantas noites meu corpo se alimentou embriagado vacilante doido e com meus dedos rígidos marcavam a face da moça, sua face pura, graciosa e verdadeira...me arrependia mil vezes no dia...mas quantas noites, o mundo quase calado...eu te marcava como um gado... hoje são 10 anos sem vida..sem cheiro, sem gosto, sem ver e sem você...
Matei a vida com a estupidez de minhas vontades.

   
Essa história é muito próxima a história de um rapaz que num domingo me ajudou com meu carrinho de livros que eu sempre levo aos domingos no MASP...outro dia vi que ele também tem um carrinho...o dele era um carrinho de mercado, onde carregava toda a vida dele ali dentro...existem carrinhos de sonhos e carrinhos de vida...deve existir tantos carrinhos que a gente nem imagina...

Eloy
00:50
23/12/2010

Um comentário:

Rien disse...

Te ajudo a empurrar seu carrinho, por mais cheio que ele esteja, por mais íngreme que seja a rua... eu ajudo. Ajudo e ajudo e ajudo...