O nome deste blog, Lojas de canela, é título do livro de Bruno Schulz, escritor e desenhista polonês. Ao ler o livro, senti como se eu estivesse ali passando por todas aquelas situações. Fiquei encantado pela forma poética do texto de Schulz: admirável, arrebatador, surpreendente, encantador, sonhador e humano. Este blog tem como objetivo divulgar meus trabalhos em artes visuais, minhas reflexões sobre arte, poemas, ensaios e contos.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
domingo, 9 de março de 2008
sexta-feira, 7 de março de 2008
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
O diálogo do violino com a máquina de fotografar
As pálidas noites de frio nascem
No silêncio abandonado com as noites
As leves lágrimas de um cachorro
Choram sem culpa nenhuma
Da mentira que surgiu...
Ao longe vemos o que não queremos ver,
Um grito...De um passado com repostas do que somos...
E num instante o fogo molha o piano de saudades...
No dizer do violino com a máquina de fotografar
É o nosso tempo, vazio, sem desejo de sonhar,
Com a paisagem onde um louva-deus-fêmea
Já não devora à terra dos antigos...
Lembro de tudo,
Da saudade...
Do vazio...
No grito de uma lágrima que esquenta o coração
Do sangue...
Do violino...
Da criança que observa o pôr-do-sol sem que ele exista.
Agora eu canto às cores sozinho...
Na melodia de uma nota barulhenta
De uma máquina de fotografar que fotografa
Sem registrar nada...
Maurício Eloy
10/05/2004
18/07/2007
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Falador
Que besteira. Não vou tolerar esse tipo de agressão, ainda mais levando em conta que meu tio é ventríloquo.
Imagine. Meu tio é apenas um falador, feito àquela pessoa que você cumprimenta e ela fala tudo o que vai fazer no dia. É o jeito dele.
Bom, também ele exagera às vezes, ou quase sempre. Mas também isso não é motivo para agressão.
Veja o Roberto Jéferson, fala pelos cotovelos, olha o que deu. Uma encrenca para um monte de gente e um guarda-roupa no olho. Mas ele é assim. É o seu perfil.
Meu tio, coitado, é um simples observador do mundo e gosta de falar o que vê e o que sente. Há algum mau nisto!
Neste dia, em que o fato aconteceu, meu tio com seu falatório quis apenas justificar a sua opinião. E todo mundo tem o direito de opinar.
O deputado Clodovil, por exemplo, quando ele foi abordado por um repórter a respeito do plano de crescimento econômico apresentado pelo governo federal, a sua resposta à pergunta do repórter sobre o que ele achava do plano, foi uma opinião. O tagarela foi direto.
Assim é meu tio um ventríloquo por natureza, às vezes fala por dois.
Puxa, por isso não aceito esse tipo de agressão e nunca vou aceitar.
Por raiva eu passei a seguir o exemplo de meu tio. Ser um falador. A principio um amador.
Tímido desde criança eu vou consegui o que na vida? Decidir tagarelar.
Coitado de meu tio ele não merecia isso. Por isso meu protesto foi selado com a vontade de falar. A final, o homem na pré-história ficou muito tempo sem saber falar. Agora que sabe, tem que falar mesmo. Aprendi isso com ele, com meu tio.
Pena que aconteceu isso, essa agressão maldita, que pegou ele a revelia. Ele apenas falou muito como sempre. Qual o mau nisto.
Bom, pensando bem. Acho melhor eu ficar "quietinho" antes que acontece o mesmo comigo...
Por Maurício Eloy
Grande concurso literário da Revista Piauí, concurso 13 . Publicado na internet.
O nome deste blog, Loja de canelas, é título do livro de Bruno Schulz, escritor e desenhista polonês.
A memória, o tempo, a infância, a história interna ou mítica. Esses são os grandes temas de Schulz - um autor pouco conhecido fora da Polônia até alguns anos atrás, mas admirado hoje, pelo mundo afora, como um dos maiores escritores da metade do século.Nos doze contos interligados de 'Lojas de Canela', o autor recobra 'a história de uma certa família, uma certa casa numa cidade provinciana'. Ao repassar essa pré-história do autor, com atenção especial à figura do pai, ele vem descrever, exuberante ou delicadamente, conforme o caso, 'aquela região das fantasias infantis, das intuições, temores e antecipações que caracterizam este primeiro estágio da vida'.