domingo, 24 de fevereiro de 2008

Falador

Que besteira. Não vou tolerar esse tipo de agressão, ainda mais levando em conta que meu tio é ventríloquo.

Imagine. Meu tio é apenas um falador, feito àquela pessoa que você cumprimenta e ela fala tudo o que vai fazer no dia. É o jeito dele.

Bom, também ele exagera às vezes, ou quase sempre. Mas também isso não é motivo para agressão.

Veja o Roberto Jéferson, fala pelos cotovelos, olha o que deu. Uma encrenca para um monte de gente e um guarda-roupa no olho. Mas ele é assim. É o seu perfil.

Meu tio, coitado, é um simples observador do mundo e gosta de falar o que vê e o que sente. Há algum mau nisto!

Neste dia, em que o fato aconteceu, meu tio com seu falatório quis apenas justificar a sua opinião. E todo mundo tem o direito de opinar.

O deputado Clodovil, por exemplo, quando ele foi abordado por um repórter a respeito do plano de crescimento econômico apresentado pelo governo federal, a sua resposta à pergunta do repórter sobre o que ele achava do plano, foi uma opinião. O tagarela foi direto.

Assim é meu tio um ventríloquo por natureza, às vezes fala por dois.

Puxa, por isso não aceito esse tipo de agressão e nunca vou aceitar.

Por raiva eu passei a seguir o exemplo de meu tio. Ser um falador. A principio um amador.

Tímido desde criança eu vou consegui o que na vida? Decidir tagarelar.

Coitado de meu tio ele não merecia isso. Por isso meu protesto foi selado com a vontade de falar. A final, o homem na pré-história ficou muito tempo sem saber falar. Agora que sabe, tem que falar mesmo. Aprendi isso com ele, com meu tio.

Pena que aconteceu isso, essa agressão maldita, que pegou ele a revelia. Ele apenas falou muito como sempre. Qual o mau nisto.

Bom, pensando bem. Acho melhor eu ficar "quietinho" antes que acontece o mesmo comigo...

Por Maurício Eloy

Grande concurso literário da Revista Piauí, concurso 13 . Publicado na internet.

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