quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Aflorar nua e crua nas marcas do sofá

A morte, mansa senhora descortina o corpo polido de desejos dos segredos daqueles pensamentos empoeirados de vida em que a boca procura desesperadamente o gesto absurdo do delírio de seu beijo silencioso.
Inquietude vacilante nas mãos trêmulas e os olhos lacrimejantes no canto daquele sofá que tem as marcas de cotovelos como registros feitos desenhos dela procurando pelo cheiro visceral dos vestígios dele.
A noite, madame silenciosa de mãos dadas com a tristeza apaixonou-se pela morte, e moça inquietante com seu desespero tardio diante do espelho dormia, e sua voz rouca padeceu levemente depois de muitas vezes deliciosamente a comer poesia pra ele.
Os tempos de tantos tempos no aroma do vinho das noites em que eles riam diante da pequena mancha que brilhava na camisa branca e a mão nos olhos perdidos quentes conversavam na madrugada sem medida nem vícios.
Ali, depois de muitos momentos repousou o som do desejo, e ela calejada da tristeza sóbria partiu feroz ao sofá na vontade de sentir agora o aflorar nua e crua nas marcas de tocar apenas o que um dia existiu.


Eloy
11/12/2010
01:42

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